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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Estilística: Recurso da literatura


Filósofos gregos como Aristóteles e Platão, discípulos de Sócrates criador da retórica, dizem que as palavras escritas e as experiências mentais ou pensamentos, dos quais as palavras são símbolos, formam uma das muitas variedades lingüísticas que existe. Filósofos gregos como Sócrates e Platão estudaram a arte de pensar, falar e transmitir uma mensagem, através do esclarecimento e da compreensão dos signos lingüísticos, isto é chamada retórica .
Os filósofos diziam que uma boa interpretação:“Em primeiro lugar cumpre definir o nome e o verbo, depois, a negação e a afirmação, a proposição e o juízo. As palavras faladas são símbolos das afeições da alma, e as palavras escritas símbolos das palavras faladas. E como a escrita não é igual em toda a parte, também as palavras faladas não são as mesmas em toda a parte, ainda que as afeições da alma de que as palavras são signos primeiros, sejam idênticas, tal como são idênticas as coisas de que as afeições referidas são imagens”
Portanto compreensão é apreensão de um sentido, e sentido é o que se apresenta à compreensão como conteúdo. Só podemos determinar a compreensão pelo sentido e o sentido apenas pela compreensão.
Na Literatura existem os fragmentos entre os quais o sentido é subjetivo. O lingüista L. T. Hjelmslev (1953) introduziu o conceito de conotação na discussão lingüística, para aludir à capacidade que qualquer palavra ou pensamento tem de receber novos significados, portanto, tendo sentido figurado.
Barthes dá-nos outra definição de conotação: "é um traço que tem o poder de se relacionar com menções anteriores, ulteriores ou exteriores a outros lugares do texto (ou de outro texto)"
O sentido figurado é apenas uma forma de conotação, uma vez que a estilística constitui, desde logo, a linguagem. De acordo com o gramático (CEGALA, Domingos. p 541)"Estilística trata do estilo, dos recursos expressivos da língua." O estudo das habilidades e inteligência em relação às palavras é chamado de sofismo. A Estilística e as Figuras de Linguagem estão neste estudo. Estão aqui uma breve síntese de algumas figuras de linguagem, de pensamento, de construção, de sintaxe e de harmonia.
A palavra "porco" significa diferentes sentidos para as comunidades de várias civilizações, variando de "carne proibida" a "carne sagrada" a "insulto verbal grave", para expressá-la num texto no sentido usar-se-á, então, a figura de linguagem Metáfora que é uma comparação mental entre um conceito e outro.
Alegoria também é uma comparação, ou seja, uma acumulação de metáforas referindo-se ao mesmo objeto (arte); é um signo lingüístico poético que consiste em expressar uma situação global por meio de outra que a evoque e intensifique o seu significado.
Hipérbole incide quando há demasia propositada num conceito, expressão de modo a definir de forma dramática aquilo que se ambiciona vocabular transmitindo uma idéia aumentada do autêntico.
Fábula é uma estoria narrativa em que os animais são as personagens, este gênero literario surgiu no Oriente, mas foi particularmente desenvolvido por um escravo, que viveu na Grecia antiga no séc. VI a.C. chamado Esopo.
Parábola ou apólogo são protagonizados por seres humanos e possuem sempre uma razão moral que pode ser tanto implícita como explícita.
O Paradoxo mais citado, em lingua portuguesa, talvez seja o célebre soneto do escritor português Luís Vaz de Camões para falar de lirismo: o amor.
“O amor é um fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente. É um contentamento descontente. É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer. É ter com quem nos mata lealdade, mas como causar pode seu favor, nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?" Para os autores gregos antigos o estereótipo da Mulher era a personificação do paradoxo através das deusas Pandora e Afrodite. “Ela tinha uma lúcida loucura”.
Eufemismo é uma figura de linguagem que emprega termos mais agradáveis para suavizar uma mensagem. Ex: “Você e Desprovida de beleza”.
O Disfemismo é uma figura de estilo que consiste em empregar deliberadamente termos ou expressões depreciativas, sarcásticas ou chulas para fazer referência a um determinado tema, coisa ou pessoa, opondo-se assim, ao eufemismo. Ex: Morrer: "comer capim pela raiz"
Antítese ou Antífrase é uma figura de pensamento que consiste na aproximação de signos lingüísticos antagônicos, foi especialmente utilizada pelos autores do período Barroco na Idade Media: “Em continuas tristezas e alegria”. (Gregório de Matos); “O esforço é grande e o homem é pequeno”. (Fernando Pessoa).
O Quiasmo, que é uma ramificação da antítese, que consiste no cruzamento de grupos sintáticos paralelos: Exemplo:
“Melhor é merecê-los sem os ter
Que possuí-los sem os merecer”. (Os Lusíadas, c IX, 93)
Outro exemplo de quiasmo: “De certos homens, dizia Sócrates, que não comiam para viver, mas só viviam para comer.“ (Pe. Antônio Vieira)
Em retórica, Anáfora é a repetição da mesma palavra ou grupo de palavras, no princípio de frases ou versos consecutivos. É um recurso comuníssimo nos quadrinhos populares, música e literatura em geral, especialmente na poesia. Exemplos: Nem tudo que ronca é porco” “ Nem tudo que berra é bode” “Nem tudo que reluz é ouro” “Nem tudo que se fala se pode”;
“Ilha cheia de graça
Ilha cheia de pássaros
Ilha cheia de luz
Ilha verde onde havia
mulheres morenas e nuas" (Cassiano Ricardo)
Ironia tem o objetivo de denunciar, de criticar ou de censurar algo para atingir o efeito desejado. Esta figura de linguagem pode aparecer como: Ironia dramática (ou sátira) que é quando uma palavra ou ação põe uma questão em cena e a plateia entende o significado da situação, contudo o ator finge que não entendeu; Ironia infinita (cosmic irony) é a disparidade entre o desejo humano e as duras realidades do mundo externo.
E quem nunca falou num tom sarcástico, de escárnio ou uma zombaria, intimamente ligado à ironia? Esta figura de linguagem chama-se Sarcasmo.
Metonimia é quando há substituição de uma palavra por outra, numa relação objetiva, ampliando ou reduzindo o sentido usual da palavra numa relação quantitativa. Como por exemplo, o singular pelo plural e vice-versa. Sinédoque é uma ramificação da metonímia ocorre quando há substituição de um termo por outro. Encontramos sinédoque no seguinte caso: “O mineiro é tímido; o carioca, atrevido”.
Sinestesia é uma figura de estilo ou semântica que relaciona planos diferentes consiste na utilização de signos lingüísticos a fim de causar uma fusão de sensações diferentes que podem ser físicas (gustação, audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas). Poetas simbolistas e pré-simbolistas propõem a sinestesia como um retorno ao subjetivismo e à sensorialidade. O poeta francês Charles Baudelaire, pensa que signos lingüísticos e certos cheiros estão associados ao verde, anunciando uma expansão no âmbito da sensibilidade onde é possível sentir um cheiro e ao mesmo tempo o gosto, ou ainda ver uma cor em particular. Ex: "A sua voz áspera intimidava a plateia"
Perífrase ou Antonomasia ocorre quando designamos uma pessoa por uma qualidade, característica ou fato que a distingue.
O vicio de linguagem Pleonasmo: “Vi com meus próprios olhos” aparece sempre nas mensagens. O Anacoluto é a falta de nexo que existe entre o início e o fim de uma frase.
A Aliteração é a repetição de sons consonantais, óh! estes lindos versos do nosso célebre Cruz e Souza:
“Quando sons dos violões vão soluçando,
quando os sons dos violões nas cordas gemem,
e vão dilacerando e deliciando,
rasgando as almas que nas sombras tremem.
Vozes veladas, veludosas vozes,
volúpias dos violões, vozes veladas,
vagam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”

“Que a brisa do Brasil beija e balança." (Castro Alves)
Quando há repetição, em sequência, de determinado som no final de palavras, tem-se, o fenômeno do eco. Exemplos: “E as cantilenas de serenos sons amenos. Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos” (Eugênio de Castro) .
Assonância é repetição dos mesmos sons vocálicos. “A bela bola rola a bela bola de Raul”. Cecilia Meireless representa bem este recurso na literatura brasileira.
É um pássaro, é uma rosa,
É o mar que me acorda? (Eugênio de Andrade).
Paranomasia é o emprego de palavras parônimas, isto é, palavras que têm sons parecidos. “Houve aquele tempo...E agora, que a chuva chora, ouve aquele tempo!” (Ribeiro Couto).
Onomatopeia é criação de uma palavra para imitar um som: ”Havia uma velhinha / Que andava aborrecida / Pois dava a sua vida / Para falar com alguém. / E estava sempre em casa / A boa velhinha, / Resmungando sozinha: / Nhem-nhem-nhem-nhem-nhem..." (Cecília Meireles)
Elipse é uma figura de sintaxe que ocorre no apagamento, intencional e facilmente identificado, de um ou mais signos que ficaria, desse modo, subentendido: “No mar, tanta tormenta e tanto dano”.
Zeugma é supressão em orações subseqüentes de um termo expresso na primeira oração: “Você chuta para mim e eu para você.”
Silepse figura de sintaxe que concorda com a idéia e não com a palavra dita. Podendo ser: de gênero, número ou pessoa.
Catacrese é o emprego impróprio de uma palavra ou expressão por esquecimento ou ignorância do seu real sentido. Exemplos: “Sentou-se no braço da poltrona para descansar”. “Vou colocar um fio de azeite na sopa”.
A figura de estilo conhecida como Clímax, consiste na apresentação de uma sequência de ideias em andamento crescente. Exemplo a passagem bíblica de Paulo de Tarso na Primeira Epístola aos Corintios, capítulo 13, versículo 7: "[O Amor] tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
Há, contudo, autores que consideram que clímax é um figura de estilo chamada Gradação onde são expostas determinadas ideias de forma crescente (em direção a um clímax) ou decrescente (anticlímax). EX. "O primeiro milhão possuído excita, acirra, assanha a gula do milionário." (Olavo Bilac)
Personificação ou Prosopeia é uma figura de estilo, frequentemente, utilizada na literatura infanto-juvenil que consiste em atribuir a objetos inanimados ou seres irracionais sentimentos ou ações próprias dos seres humanos. Exemplos de personificação: "O Gato disse ao Pássaro que tinha uma asa partida." "O Vento suspirou e o Sol também."
Ambigüidade são signos com dois ou mais sentidos e, portanto, permitem mais de uma interpretação.O uso proposital desta figura de pensamento é comum na poesia (licença poética) e também na linguagem informal, sobretudo no cotidiano do registro falado de uma língua (em brincadeiras, insinuações, por meio de Trocadilhos, ou seja, jogos de palavras. Neste caso, a utilização da ambigüidade se vale da Polissemia, o fenômeno lingüístico onde algumas palavras possuem varios significados. Ex: “Onde está a cadela da sua mãe?”
Apóstrofe é uma figura de estilo que ocorre na colocação de um vocativo numa oração. Ex.:"Ó Leonor, não caias!". É uma característica do discurso direto, pois no discurso indireto toma a posição de complemento indireto: "Ele disse a Leonor que não caísse"
Cacofonia ou cacófato, é um vício de linguagem que se dá a sons desagradáveis ao ouvido formados muitas vezes pela combinação de palavras, que ao serem pronunciadas podem dar um sentido pejorativo, obsceno ou mesmo engraçado, como: por cada, boca dela, vou-me já, ela tinha, como as concebo e essa fada. A cacofonia deve ser evitada quer na linguagem coloquial (oral) quer na linguagem escrita.
Hiato é uma figura de linguagem que consiste no encontro entre dois fonemas iguais. Ex: "Um ou outro."
E o Solecismo é por vezes classificado como um vício de linguagem, ocorre uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação à gramática normativa do idioma. Ex: “Eles são neurótico”.
Bem, amigos, depois desta síntese, sobre signos lingüísticos, ou recursos expressivos saiam por aí colocando em palavras seus sentimentos!!
Beijoo
Dani
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EMBRIAGUEM-SE

É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.
Baudelaire