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terça-feira, 19 de abril de 2011

Teocentrismo X Antropocentrismo


O Humanismo pode ser definido como um conjunto de ideais e principios que valorizam as ações humanas e seus valores morais, bem como: respeito, justiça, honra, amor, liberdade, solidariedade, etc. Para os humanistas, os seres humanos são os responsáveis pela criação e desenvolvimento destes valores.

Este movimento intelectual desenvolveu-se e se manifestou em diversos momentos da historia, bem como em varios campos do conhecimento e das artes. O pensamento humanista entra em contradição com o pensamento religioso, que afirma que Deus é o criador dos valores morais.

O Humanismo na antiguidade clássica, Greco- Roma, que se origina no século XIV, na Península Itálica, especialmente em Florença, Roma e Veneza, manifestou-se principalmente na filosofia e nas artes plásticas. As obras de arte, por exemplo, valorizavam muito o corpo humano, Michelangelo, foi um dos principais artistas da época, ele manifestou esta característica em obras sacras,formulando uma nova concepção sobre a vida humana. Na literatura destacaram-se os artistas italianos: Dante Alighieri; Francesco Petrarca e o Giovanni Boccaccio.

No Humanismo do Renascimento, nos séculos XV e XVI, os escritores e artistas plásticos renascentistas resgataram os valores humanistas da cultura greco-romana, daí nasceu o Antropocentrismo, movimento o qual dizem que o Homem é o centro de tudo, este movimento norteou o desenvolvimento intelectual e artístico do movimento humanista.

O Positivismo, influenciado pelo Iluminismo, desenvolveu-se na segunda metade do século XIX. Esta concepção valorizava o pensamento científico, destacando-o como única forma de progresso. Auguste Comte foi o principal idealizador deste movimento.

O Humanismo foi uma época de transição entre a Idade Média e o Renascimento, acontecido entre os sécs. XIV ao XIX. Foi um enorme movimento, afirmando que o homem passa a encarar-se como Ser Humano e não mais como a imagem de Deus. Por isso a Igreja católica, nesta época, começa a perder o monopolio intelectual.

Todo processo de mudanças gera efeitos culturais, esta corrente intelectual, o Humanismo, fez todas as Artes expressarem-se através de novas partículas, que apareceram com a visão do EU. Este fenômeno, empregado nas pinturas, nos poemas e nas músicas da época com a intenção de aproximá-los do Homem, retratando o Ser Humano em sua formação psicológica é denominado Antropocentrismo.

Os humanistas acreditavam que a realidade não é estática, mas dialética, ou seja, está em constante transformação devido a sua incongruencia interna. Os humanistas criticavam a base material, ou econômica, da sociedade que constituía, uma "infraestrutura" exercendo influencia direta na "superestrutura", como as instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a religião, a moral).

Foi nessa época que surgiu uma nova classe social: a burguesia. Com o surgimento desta classe social foram aparecendo as cidades e muitos homens que moravam no campo mudaram-se de lá e como conseqüencia o regime feudal de servidão desapareceu. O “status” econômico passou a ser muito mais valorizado do que o título de nobreza.

No teatro foi onde as manifestações literarias ficavam mais fáceis serem percebidas, teve como representante o autor português, Gil Vicente. Provavelmente nascido em 1465, Gil Vicente foi poeta, dramaturgo, encenador,ourives e organizador de festas palacianas do tempo da rainha Dona Leonor.

A estrutura das peças de Gil Vicente foi desenvolvida a partir do teatro medieval, uma vez que o teatrólogo português defendia valores religiosos. No entanto, alguns textos apontam para uma concepção humanista, assumindo, desta forma, posições críticas à Igreja Católica. O autor português humanista preocupou-se em retratar o homem na sociedade, criticando-lhe os costumes com um principio de moral.

A primeira peça de Gil Vicente foi o ''Monólogo do Vaqueiro'', o tema era o nascimento do filho de Dona Maria e Dom Manuel (1502). Este autor humanista ainda escreveu autos, farsas, peças religiosas e profanas, seus textos revelam conhecimento literario e suas obras caracterizam-se por constituir uma galeria de tipos, bem como paineis alegóricos, humor e crítica social. Somando são mais de 40 peças.

A obra de Gil Vicente pode ser dividida em 2 blocos, são os Autos: peças teatrais cujo assunto principal é a religião. “Auto da alma” e “trilogia das barcas” são obras primas e as Farsas: peças cômicas curtas com enredo baseado no cotidiano,“Farsa de Inês Pereira”, “Farsa de Inês de Castro”, “Farsa do velho da horta”, “Quem tem farelos?” são algumas obras dele.

Estudiosos, recentes, preferem considerar os seguintes tipos: autos de moralidade, autos cavaleirescos e pastoris, farsas e alegorias de temas profanos. No entanto, é preciso lembrar que, por vezes, na mesma peça de Gil Vicente encontram-se elementos característicos de varios desses gêneros.

Na literatura Humanista, a poesia se destaca com a obra “O Cancioneiro Geral”, uma coletânea de poemas de época, publicada em 1516, pelo escritor português Garcia de Resende. O “Cancioneiro Geral” resume 2865 autores que tratam de diversos assuntos em poemas amorosos, satíricos, religiosos entre outros.

Na Prosa, as Crônica registravam a vida das personagens e acontecimentos históricos. Fernão Lopes, foi o mais importante cronista daquela época, considerado o “Pai da Historia de Portugal”. Foi também o primeiro cronista que atribuiu, ao povo, um papel importante nas mudanças da historia, essa importancia era anteriormente atribuída somente à nobreza.

As personagens das crônicas de Fernão Lopes são "redondas" ou complexas e têm vida, na medida em que agem e falam. Proporcionalmente, elas revelam-se pelos seus atos e o cronista elabora-lhes um "retrato", caracterizando-as física e psicologicamente. No entanto, ao longo do texto, Fernão Lopes, não faz muitas introspecções, sendo muito direto. O autor se Coloca na maioria das vezes ao nível do leitor, em termos de conhecimento, analisando as personagens/protagonistas através das falas e atitudes delas.

Dividi-se os protagonistas das crônicas de Fernão Lopes em duas categorias: os protagonistas coletivos, que são o povo, unido e que age pela força e os protagonistas individuais, nos quais o cronista aplica a caracterização direta, são eles: D. Pedro; D. Fernando; D. João I; D. Nuno; D. Leonor Teles; D. Maria Teles.

As crônicas de Fernão Lopes transbordam de visualidade, ao ler as crônicas dele, ‘entra-se’ no mundo que ele relata, a característica principal do autor é vivificar as personagens fazendo o leitor sentir o que sente as personagens: os seus medos, as angustias, as suas alegrias, a revolta, o seu regresso ao passado etc.

Ao escrever o realismo descritivo nas crônicas, Fernão Lopes descreve os acontecimentos como se pintasse um quadro, vai até pequenos pormenores descrevendo o retrato e a paisagem, revelando um apurado sentido de observação: "homens e moços esgaravatando a terra, e se achavam alguns grãos de trigo, metiam-nos na boca, sem tendo outro mantimento".

Fernão Lopes adota em suas crônicas uma simplicidade lingüística que a todos atrai, são elas: Crónica del Rei D. Pedro; Crónica del Rei D. Fernando; Crónica del Rei D. João; Crónica de D. Afonso IV; Crónica de D. Afonso III ou de D. Sancho II e a Crónica do Conde D. Henrique. Embora a obra não seja extensa, a Crónica de D. João I, é considerada a obra-prima de Fernão Lopes.

É neste contexto que surge o mestre realista da literatura brasileira, Machado de Assis, com seu estilo irônico de criticar os costumes da sociedade, como: carencia de sentido da vida no cosmo; a visão da especie humana como imprevisto de emergir de bolhas à tona do fluxo incessante e contraditorio da natureza; a compreensão de que “todas as coisas são magníficas de ver, mas temíveis de ser”,ou “a dor e o tédio como sendo os dois inimigos da felicidade humana”.

Curiosidade. Esta é a força criadora dos humanistas, sim, amigos, é a dúvida que evolui o mundo!!

beijoss
Dani ;)