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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Indianismo

Música da Índia: "A ALEGRIA ESTÉTICA MAIS ELEVADA É ALCANÇADA QUANDO O ARTISTA E A AUDIÊNCIA SE ENCONTRAM NUMA RELAÇÃO HARMÔNICA DE TROCA” 1- Liberte seus pensamentos temporariamente da forma costumeira de pensar e concentre-se nos aspectos espirituais mais elevados da vida. Com esse tipo de concentração, consegue-se ouvir o que a música tem de melhor. 2- Em suas reflexões coloque o Universo em primeiro plano, e tente deixar de lado ou esqueça o hábito de considerar aspectos parciais. 3 – Mergulhe num estado de espírito meditativo e contemplativo. O Alap de um Raga é o mais apropriado para isso. O Alap é a introdução calma e meditativa da idéia musical. 4 – Estabeleça uma ligação com os aspectos sobrenaturais da realidade. Isso pode ser alcançado tanto através dos sons do Raga, como por seu ritmo. 5 – Coloque de lado todos os preconceitos íntimos. 6 – Procure abrir caminho para o interior do músico e da música. 7 – Permaneça quieto e espiritualizado interior e exteriormente. Terminado o concerto, desfrute o silêncio. Desde Tempos imemoriais, grupos de saddhus vagueiam pelas terras da Índia cantando bhajans e mantras, horas e horas a fio, todos os dias do ano, com o duplo propósito de elevar a consciência e manter o equilíbrio da sociedade. Durante milhares de anos, nunca houve um instante sequer de tempo em que muitos milhares de homens santos não entoassem versos santos no subcontinente da Índia, a fim de que o mal ou o desastre não prevalecessem sobre a Terra.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Quero fazer tudo dar certo!

Quero fazer tudo dar certo! por Maria Silvia Orlovas - morlovas@terra.com.br
Ah, este mundo perfeito que perseguimos. Quanto trabalho nos dá viver assim... Parece incrível como somos obsessivos por essa ideia insana de mundo perfeito, de atitudes perfeitas. Insana porque todos nós sabemos que não existe mundo perfeito, porque todos sabemos que o tempo passa, envelhecemos, vez por outra adoecemos, perdemos o emprego, levamos um fora, somos traídos, ou agimos de forma bem pouco bacana com alguém. Enfim, não somos perfeitos, nem vivemos situações perfeitas, e ainda assim perseguimos a ideia da perfeição. Isso não parece coisa de maluco? Pois é coisa de maluco, e ainda assim nós que nos achamos normais, pessoas do bem, ficamos correndo atrás dessa suposta perfeição. Fixamos o pensamento nesse mundo sem sofrimento, dessas relações afetivas sem desafios e com isso o tempo todo estamos infelizes com o que temos. Por vezes somos tão sem noção que não satisfeitos com a busca da autoperfeição, queremos também encontrar a perfeição nos outros. E olhem que não me refiro à inspiradora autoperfeição como sugere Yogananda, em sua autobiografia, livro maravilhoso, que recomendo a todos que seguem o caminho do aprimoramento espiritual. Vejo que perseguimos o ideal de uma vida sem desgastes, sem filhos mal educados, sem palavras rudes que nos desafiem, e isso não existe, sabemos que não existe. Então, por que esperamos encontrar algo assim? Trabalhando com grupos, vejo que as pessoas chegam sedentas de amor, de compreensão, de acolhimento e, muitas vezes, logo nas primeiras reuniões, encontram esse acolhimento e se sentem revigoradas, porém, logo em seguida, começam os desafios, vêm os incentivos ao crescimento, os impulsos a mudar de vida, a doar-se mais, a modificar o jeito da convivência. E aí, claro, que surgem também as contrariedades. Eu mesma já admiti publicamente que nunca gostei, e confesso que continuo não gostando, de ouvir um não como resposta. Sou lutadora, persistente e hoje consigo ver meu real valor como pessoa determinada, e bem intencionada, mas consigo ver também que sempre me faltou humildade. Na verdade, nunca entendi muito bem o real sentido da humildade, que sempre associei a uma condição inferior, de gente sem condições, de pessoas que aceitavam as coisas porque não se sentiam aptas a lutar. Mas será que ser humilde se refere a uma fraqueza? Hoje sinto que humildade é algo muito espiritual, e elevado, mas simples também. Ser humilde nos impulsiona a ouvir os outros, colocar-se no lugar das outras pessoas, na tentativa de entender seus comportamentos. Mas ser humilde, como ensinam os mestres, tem a ver também com uma profunda conexão com o nosso Eu divino, que nos coloca tão íntimos com essa luz, que nos fortalece. E fortalecidos, iluminados, somos capazes de entender as limitações alheias, não carregando as coisas negativas para o aspecto pessoal. Pense: Se alguém é mal educado com você, o problema é da pessoa. Se alguém não gosta de você, não quer a sua companhia, o problema é do outro e passa a ser seu, apenas quando, por algum motivo, você se aprisiona à negatividade do outro. Com certeza, não vamos agradar a todos, não vamos fazer felizes aqueles que estão à nossa volta, nem eles também nos agradarão o tempo todo. Precisamos lidar com as imperfeições para sermos mais felizes. Precisamos aceitar o mundo como ele é para nos libertar dos nossos aprisionamentos. Pense nisso, na próxima vez que sofrer por conta da atitude de alguém. E vá nesta sintonia resolvendo seus karmas, exigindo menos de si mesmo e, naturalmente, esperando menos perfeição dos outros. Indico para dar força nessa caminhada, que você se ligue a um grupo de estudos espirituais, um grupo de meditação, oração, yoga... Por que precisamos de apoio nesse desenvolvimento, já que essa busca do aprimoramento exigirá sérias mudanças em nosso jeito de ser, e muito treino. Mas não desista, pois quando os testes estão vindo é porque já estamos mais próximos dos objetivos. Coragem!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O Mar Morto de Jorge Amado

"Agora eu quero contar as histórias da beira do cais da Bahia. Os velhos marinheiros que remendam velas, os mestres de saveiros, os pretos tatuados, os malandros, sabem essas histórias e essas canções. Eu as ouvi nas noites de lua no cais do mercado, nas feiras, nos pequenos portos do Recôncavo, junto aos enormes navios suecos nas pontes de Ilhéus. O povo de Iemanjá tem muito que contar." "A vela anda ao redor das águas. Águas plúmbeas para Lívia, águas de um mar morto. Águas sem ondas, águas sem vida." Um livro triste e emocionante, escrito em 1936, quando o autor tinha apenas 24 anos, Mar morto conta as histórias da beira do cais da Bahia, como diz Jorge Amado na frase que abre o livro. E a frase é uma verdadeira carta de intenções. Nenhum outro livro sintetizou tão bem o mundo pulsante do cais de Salvador, com a rica mitologia que gira em torno de Iemanjá, a rainha do mar. 'Mar Morto é uma história do amor. Desse sentimento mais doce e mais trágico que o ser humano experimenta, desde sua origem, e que numa teia paradoxal o enreda,tornando-o pleno e vazio ao mesmo tempo, dando-lhe vida através da morte, se a união de dois amantes é conseqüência da paixão, a paixão invoca necessariamente a morte, o desejo de morte ou de suicídio; o que designa a paixão é um halo de morte. Assim, nas páginas de Mar Morto, mergulhamos nesse universo onde seres buscam com ânsia sua continuidade possível no ser amado, numa tentativa de submergir no outro, numa busca feroz de completude, que só se torna possível pela fusão desses dois seres descontínuos. Por isso, Guma, encontra sua plenitude na morte, quando possui e é possuído pela mãe-mulher Janaína, por isso, também, o sonho maior de todo pescador é morrer no mar. Há de haver, portanto, um olhar específico na construção das personagens femininas, que nada mais são do que a encarnação dessa plenitude tão procurada em toda a narrativa: As mulheres são deusas e as deusas são mulheres, há mães que são prostitutas e prostitutas que são santas, numa fusão maravilhosa da matéria com o espírito, do profano com o sagrado. Temos assim em Mar Morto o amor dos homens entre si, o amor entre um homem e uma mulher e o amor entre os homens e o mar - que vem a ser a grande metáfora do amor - por sua profundidade, seus mistérios e seus encantos que a todos chama e seduz. Personagens como o jovem mestre de saveiro, Guma, parecem prisioneiros de um destino traçado há muitas gerações: O dos homens que saem para o mar e que um dia serão levados por Iemanjá, deixando mulher e filhos a esperar, resignados. Mas, nesse mundo aparentemente parado no tempo há forças transformadoras em gestação. O médico Rodrigo e a professora Dulce, não por acaso dois forasteiros, procuram despertar a consciência da gente do cais contra o marasmo e a opressão. É esse contraste entre o tempo do mito e o da história que move Mar Morto, envolvendo-nos desde a primeira página na prosa calorosa de Jorge Amado. '