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sexta-feira, 22 de março de 2013
1999 (Por Samuel M. Galvão)
Vivia-se até 99. Hoje, já faz mais de dez anos que chove óleo e ácido. Propaga-se pelo mundo o discurso industrial pós-moderno da individualidade, da impotência e da inutilidade. Vêm-se em toda parte injustiça, iniqüidade e impunidade. Procuram desesperadamente se afirmar como geração merecedora de seu lugar na história, mas conformam-se com futuros de plástico. Não reagem, cegos, surdos e mudos, apenas trabalham. Convencidos pela TV de que um dia serão musas de novela, craques do futebol ou milionários, mas não vão. Soltos no turbilhão de uma história que gira e gira e gira cada vez mais rápido, sem espaço para sentir o tempo, sem tempo para sentir o espaço.
Você acorda de um sono curto e sem sonhos que mais cansa do que descansa. Toma um café amargo e azedo, de ontem e vai. De cabeça baixa, com as pernas fracas, os braços doídos e os olhos pesados, mas vai. Para a linha de montagem, montar máquinas e desmontar a vida. Você é, todos os dias, oito horas por dia ou mais se puder, um você sem eu, um você sem pulso, insensível, iludido e indeterminado.
E quando descobrirão a verdade? Ninguém sabe… Ninguém quer saber… Ninguém pode fazer nada, dizem, ninguém quer fazer nada, aceitam. A gente nem sabe realmente o que faz e porque não faz… reflexão, revolução, reparação. A gente nem tenta saber, a gente não quer. A gente se acostuma… mas não deveria.
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tututatatututata a resposta e a letra b
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